Regular Influencers e suas Armadilhas

💡 𝗥𝗘𝗚𝗨𝗟𝗔𝗥 𝗜𝗡𝗙𝗟𝗨𝗘𝗡𝗖𝗘𝗥𝗦 𝗘 𝗦𝗨𝗔𝗦 𝗔𝗥𝗠𝗔𝗗𝗜𝗟𝗛𝗔𝗦 💡

Trabalho e estudo influencers há +10 anos. Participei do primeiro caso do assunto no CONAR em 2012 e fui do grupo técnico que elaborou o guia de influenciadores em 2021, além de ter publicado artigos e capítulos de livros sobre o tema. E, claro, estou preocupado com as discussões recentes. Os casos envolvendo marketing de influência apoiando esquemas criminosos e perfis promovendo difamações são assustadores. É preciso investigar e punir severamente os envolvidos. Contudo, devemos evitar reações impulsivas e confundir reatividade com reacionarismo.

O mercado de influência no Brasil movimenta mais de 2 bilhões de reais por ano, equivalente aos gastos de publicidade em jornais, revistas e TV por assinatura juntos. Além disso, oferece conteúdos qualificados sobre diversos temas. Logo, não podemos ignorar seu impacto econômico e social positivo.

💡 Respostas rápidas podem gerar consequências adversas e não resolver o problema. Na minha opinião, as seguintes ações não são adequadas:

🚫𝗣𝗟 𝟮𝟲𝟯𝟬 (“𝗣𝗟 𝗙𝗮𝗸𝗲 𝗡𝗲𝘄𝘀”). Esse projeto não aborda o marketing de influência e focar apenas nas plataformas não mudará as práticas do setor.

🚫 𝗣𝗟 𝟮𝟯𝟳𝟬 (“𝗥𝗲𝗺𝘂𝗻𝗲𝗿𝗮çã𝗼 𝗱𝗲 𝗖𝗼𝗻𝘁𝗲𝘂𝗱𝗼 𝗝𝗼𝗿𝗻𝗮𝗹𝗶𝘀𝘁𝗶𝗰𝗼”). Propostas de “acordos de barganha” não ajudarão pequenas empresas a melhorar suas práticas.

🚫 “𝗗𝗲𝘃𝗲𝗿 𝗱𝗲 𝗖𝘂𝗶𝗱𝗮𝗱𝗼”. A tese do PL 2630 e do STF aumenta a insegurança com conceitos subjetivos e não ataca questões já previstas na legislação.

🚫 𝗖𝗿𝗶𝗺𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗿 𝗼 𝗠𝗮𝗿𝗸𝗲𝘁𝗶𝗻𝗴 𝗱𝗲 𝗜𝗻𝗳𝗹𝘂𝗲𝗻𝗰𝗲𝗿𝘀 Tipificar crimes com penas rígidas não soluciona problemas sociais profundos (se fosse assim, teríamos resolvido o tráfico de drogas no país).

💡Não é hora de ser superficial, mas sim de pensar em uma política pública de inclusão e letramento digital crítico. Temas complexos exigem respostas complexas. Aqui estão algumas sugestões:

✅ 𝗘𝗱𝘂𝗰𝗮çã𝗼 𝗠𝗶𝗱𝗶𝗮𝘁𝗶𝗰𝗮. A SECOM desenvolveu recentemente uma consulta sobre o tema – o primeiro sinal de uma política pública do tipo no Brasil, e é preciso incluir também os influenciadores nessa discussão.

✅ 𝗖𝗶𝗱𝗮𝗱𝗮𝗻𝗶𝗮 𝗗𝗶𝗴𝗶𝘁𝗮𝗹 𝗻𝗮𝘀 𝗘𝘀𝗰𝗼𝗹𝗮𝘀. É necessário incluir esse conteúdo nos currículos nacionais.

✅ 𝗖𝗼𝗯𝗿𝗮𝗿 𝗱𝗼𝘀 𝗮𝗻𝘂𝗻𝗰𝗶𝗮𝗻𝘁𝗲𝘀. Políticas de trust & safety não deveriam ser cobradas somente de plataformas, mas também de anunciantes, que são fonte de legitimização de influenciadores.

✅ 𝗣𝗼𝗹𝗶𝘁𝗶𝗰𝗮 𝗱𝗲 𝗖𝗶𝗯𝗲𝗿𝘀𝗲𝗴𝘂𝗿𝗮𝗻ç𝗮. Investir em instituições capazes de realizar investigações complexas e bloqueios em nível infraestrutural para acelerar a detecção de fraudes massivas e esquemas criminosos.

Espero que o Congresso e o Executivo enfrentem esses desafios com seriedade. Não devemos cair em soluções superficiais e virais. Não é hora de lacração: política pública não deve ser medida em likes e visualizações.

[Reprodução de post publicado por Pedro Henrique Ramos no LinkedIn. Professor of internet studies | Partner at b/luz. Opiniões de terceiros não necessariamente correspondem ao posicionamento do Conselho Digital. Fonte: bit.ly/3GV1Qgm]