O evento “Economia de Criadores: Transformando ideias em impacto: o fenômeno brasileiro da economia de criadores e influenciadores” levou à Câmara dos Deputados temas como oportunidade de geração de empregos pelas plataformas e possibilidade de crescimento e melhoria de vida por meio das redes. A realização foi do Conselho Digital em parceria com plataformas associadas, como a Hotmart, Youtube, Tiktok.
Na oportunidade, grandes influenciadores digitais, representantes das empresas e parlamentares puderam debater as transformações econômicas e sociais possibilitadas por meio do uso das plataformas digitais.
De acordo com a Gerente de Políticas Públicas do Conselho Digital, Rebeca Mota, a tecnologia, quando bem construída e utilizada, “é uma porta para o futuro”.
“Além do impacto econômico bilionário, e com previsão de crescimento contínuo nos próximos anos, não podemos deixar de mencionar o impacto social da economia de criadores. Muitos influenciadores têm utilizado suas plataformas para promover causas sociais, levantar debates importantes e inspirar mudanças positivas”, comentou a Gerente, na abertura do evento.
O evento contou com a participação de influenciadores digitais reconhecidos no Brasil, como: Igor Coelho (Flow Podcast), Leandro Ladeira, Lara Rogero, Lito Souza (Aviões e Músicas), Rafaela Lima (Mais Ciências), Dinah Moraes e Vitoh Noia.
O Vice-Presidente Global de Assuntos Corporativos da Hotmart, Leandro Conti, ressaltou que, em 13 anos de existência, a plataforma já permitiu que mais de 50 bilhões de reais fossem vendidos por meio da internet, de produtos digitais.
“São pessoas comuns, que criaram seus conteúdos e começaram a vender diretamente para sua audiência, principalmente produtos digitais de conhecimento. Então a gente está falando de educação”, afirmou o Vice-Presidente. “É uma economia que ajuda as pessoas a democratizar o conhecimento, a ter esse conhecimento chegando a todos, e poder transformar a sua realidade”, completou.
O Gerente de Políticas Públicas do Tiktok, Fabiano Barreto, ressaltou que a plataforma tem 1 bilhão de usuários no mundo, com conteúdos diversos. “É muito provável que vocês hoje, se entrarem em uma livraria, encontrem uma prateleira de livros dedicada aos livros mais vendidos no Tiktok. Então, é um pouco sobre esse fenômeno. Criadores de conteúdo que estão falando sobre diversos temas encontram uma audiência muito grande no Tiktok de pessoas que estão interessadas naquele conteúdo. E a partir disso a gente tem uma alavancagem econômica. Pessoas buscando livros, comprando, movimentando o mercado editorial”, alegou, Barreto.
Já a representante do Youtube, Catarina Alencastro, Gerente de Parcerias Estratégicas, informou que a plataforma atinge mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo e está presente em mais de 100 países. Ela compartilhou uma pesquisa feita pela Consultoria Oxford Economics que aponta que em 2022, o ecossistema criativo do Youtube gerou mais de 140 mil empregos no Brasil
“Eu acho que quanto mais os legisladores e as equipes dos legisladores tiverem a chance de conhecer quem são essas pessoas, como elas trabalham, como elas conseguiram criar essas comunidades, melhor que são os debates e discussões para a gente crescer e andar pra frente”, disse.
O “Economia de Criadores” contou com a mediação dos deputados Adriana Ventura (NOVO/SP) e Pedro Campos (PSB/PE), e com o encerramento de Douglas Viegas (União/SP).
A deputada do Novo, Adriana Ventura, compartilhou como a relação com o tema é pessoalmente “enorme”. “Eu vejo o Brasil, que hoje oficialmente nós temos 2,6% do PIB veiculado a essa área de indústria criativa, mas eu discuto. Porque eu acho que tem muita informalidade, tem muito mais que isso. E eu acho realmente que isso é transformador. E a questão aqui é debater como os criadores, como esse conteúdo pode transformar”, disse.
O parlamentar Pedro Campos ressaltou a importância de mobilizações a favor da economia de criadores. “É importante a gente entender que esses movimentos, essas dinâmicas, essa mudança na sociedade, ela acontece. E nosso papel aqui é fazer um pouco de força para que esse movimento aconteça incluindo mais gente, dando mais oportunidade. Muitas vezes já é o que acontece. O efeito dos agentes sociais, das plataformas digitais, já é um efeito de democratização. Mas o que a gente puder fazer para contribuir e não fazer para atrapalhar, a gente tem que estar ligado para poder fazer”, afirmou.
Já o deputado Douglas Viegas lembrou como ele é um “exemplo vivo do poder da internet”. “O poder da internet é verdadeiro para poder causar um impacto e uma chance, podemos dizer quase que igual, para pessoas que não tinham a mínima oportunidade de poder hoje estar aqui dentro da Casa do Povo, representando o povo”, compartilhou. “A casa dos deputados poder estar discutindo esse assunto de perto, porque é uma realidade, está mudando a vida de milhares de brasileiros”, continuou.
Compartilhando vidas: a voz dos criadores de conteúdo
No debate, Igor Coelho, do Flow Podcast, contou sobre a criação do Flow Podcast, quando ele mais dois amigos começaram a gravar materiais de dentro de um quarto até se tornar um dos maiores podcasts do Brasil. Segundo Igor, hoje tem 177 pessoas envolvidas no Grupo Flow, gerando empregos e oportunidades.
“Era só uma questão de tempo para dar certo pelo plano que a gente tinha. A gente já tinha até setado, inclusive, objetivos. Lá em 2018 a gente já pensou que em 2020 a gente queria conversar com os candidatos à prefeitura de São Paulo. E que em 2022 a gente conversaria com os presidenciáveis. E que a gente construiria isso tendo conversas relevantes para a sociedade, e não necessariamente levando pessoas que só são famosas. Meu ponto é que esse mercado não existia”, compartilhou.
Lito Souza também contou a história de quando deixou de fazer parte do mercado de aviação e passou a empreender na internet. Para ele, a grande diferença de ser um influenciador digital é poder inspirar vidas.
“A gente sabe que as pessoas acham que as coisas são difíceis, que elas não serão capazes. As plataformas de conteúdo dão essa vitrine para pessoas normais, como eu. Eu não sou um cara inalcançável que está em uma bancada de um jornal televisivo nacional. Eu sou uma pessoa como a outra pessoa que está me assistindo. Só que eu fiz sucesso, eu consegui vencer na vida com o que eu faço. Então a outra pessoa que está do outro lado também pode falar “poxa eu também posso fazer isso”. Então, acho que a grande força da plataforma de criação é isso, é falar pras pessoas “você pode também”, e ela acreditar naquilo e daqui a pouco está fazendo as coisas”, comentou.
Já Rafaela Lima, que educa por meio das plataformas, destacou a importância que a internet e as redes sociais têm no contexto educativo dos alunos no Brasil. “A educação ela tem que falar a linguagem do público, dos adolescentes, dos jovens, e de nós também, que estamos na internet e usamos essa internet para aprender algo. E porquê não também a educação formal? A gente sabe que há um “gap” na nossa educação, há uma precariedade, há muitos estudantes que querem alcançar novos rumos, mas que com a condição local, da sua cidade, ele não tem acesso a uma boa escola, um bom curso. E na internet ele consegue ter acesso a diversos professores, que estão ali gratuitamente com diversas linguagens”, pontuou.
Dinah Moraes, que também participou do evento, é uma apaixonada por cinema que começou a gravar vídeos de humor em uma casa, sem equipamentos profissionais. Hoje ela é referência de humor em todo o país, com a realização, por exemplo, de uma série no Youtube chamada “The walking agreste”. “Na época que eu comecei eu não imaginava que meu trabalho ia chegar onde chegou”, contou.
“Mostrando essa realidade dos nordestinos eu consegui alcançar muitos seguidores e também dar oportunidade para muitas pessoas. Hoje eu trabalho com um cash cast de 60 atores que trabalham comigo até hoje, não sei porque [risos]. E eu me sinto muito lisonjeada de estar oferecendo esse trabalho para eles, dando oportunidade que muitas das vezes eles não têm de mostrar o talento que eles têm”, compartilhou.
Economia de criadores: oportunidades de negócios
Um dos principais pontos destacados no evento é que as plataformas dão possibilidades de pessoas comuns alavancarem nos negócios. Esse foi o caso de Vitoh Noia, um micro empreendedor de Brasília que viralizou no Tiktok com seus drinks, atraindo público ao seu bar e seguidores nas redes sociais.
“Foi o impacto que eu senti muito com meu negócio. Eu consegui alcançar pessoas que eu não conseguiria sem precisar de muita grana. Então a partir disso eu comecei a juntar mais um pouquinho de dinheiro para impulsionar na própria plataforma, e aí consegui atingir mais gente. Hoje eu sei que o Tiktok foi um divisor de águas e eu sei que minha função de criador de conteúdo é muito veiculada com meu negócio, como ela fortalece meu negócio local”, afirmou, o influenciador.
O influenciador Leandro Ladeira destaca como empreender na internet exige baixo investimento. Ele começou no mercado de criadores de conteúdo fazendo vídeos no Parque da Cidade, em Brasília, ou alugando quartos de hotéis, quando necessário. Na sua primeira empresa de cursos online, com Catia Damasceno, fez mais de 200 mil vendas de infoprodutos para mulheres. Há 3 anos, ele abriu uma nova empresa, com cursos sobre empreendedorismo. Hoje, Leonardo tem 37 mil alunos no Brasil e 1200 mentorados ativos.
“A gente conseguiu juntar os dois mundos, tanto o do creator, que é o cara que cria conteúdo no Youtube. Mas não aquele conteúdo chato, que está o tempo todo parecendo que quer vender, querendo dar uma aula. É só legal, por ser legal. Mas ao mesmo tempo eu tinha um produto para vender depois”, contou. “Eu aprendi a construir audiência, mas eu tinha um negócio por trás que monetizava essa audiência, com produtos digitais, eventos, teatro e várias outras coisas. Mas o que me trouxe, resumindo, foi o resultado”, completou, Leandro.
Lara Rogedo, entrou no rumo da Moda e Costura inspirada por sua mãe e avó e hoje oferece cursos online de corte e costura. No evento, ela ressaltou a possibilidade das plataformas de romper barreiras físicas. “A criação de conteúdo tem várias camadas. No meu caso, apesar da pessoa aprender uma nova habilidade, ela também tem contato com memórias afetivas, pode ser um momento terapêutico, o conteúdo é absorvido por cada um da forma que essa pessoa precisa. E eu sou recebida nas casas das pessoas com muito carinho, graças às plataformas digitais que me fazem ultrapassar essa fronteira do físico”, disse.